quinta-feira, 12 de julho de 2012

BRINCAR E APRENDER


Brincar é uma forma atraente de envolver a criança na aprendizagem. A brincadeira é a grande oportunidade que ela tem de se desenvolver bem. Não se deve encará-la como um ato fútil, sem importância.
Desde longa data, as brincadeiras, os jogos, são tidos como atividades lúdicas enriquecedoras do lazer. Porém, mais recentemente, elas adquiriram um novo conceito, um sentido mais aperfeiçoado para a educação infantil, revelando sua alta contribuição para o desenvolvimento cognitivo, físico e emocional da criança.
A brinquedoteca é um lugar privilegiado das creches e das pré-escolas, essencial para as atividades pedagógicas compatíveis com a idade das crianças. A brincadeira traz oportunidades inesgotáveis ao desenvolvimento infantil. A psicopedagogia descobriu uma gama enorme de possibilidades educacionais através dela. O adulto deve estimular as crianças a, simplesmente, envolver-se em brincadeiras, sejam elas livres ou dirigidas, facilitar seu engajamento em atividades lúdicas.
A brincadeira favorece o processo de ensino-aprendizagem, ajuda a desenvolver a auto-estima, a capacidade de se expressar, de criar, de socializar, de pensar. Aguça a curiosidade infantil, impulsiona à investigação do método científico. Através da brincadeira, a criança manifesta sentimentos, relaciona-se com o mundo exterior, apropria-se, aos poucos, de sua realidade, estabelecendo, com o meio, interações sociais. Nessas interações vai aprendendo a comportar-se socialmente, a perceber, na convivência, a existência de normas, valores, direitos e deveres a serem cumpridos.
A criança tem necessidade de repetições. De acordo com Jean Piaget,  o lazer orientado ajuda a criança a desenvolver hábitos, a compreender regras, a ampliar a capacidade de entender simbolismos, o significado do mundo. Por meio das atividades lúdicas a criança adquire hábitos que podem se perpetuar por toda a vida.
Os momentos de lazer são, também, de cumplicidade, de encontro de afinidades, de formação de amizades. O brincar entre si passa a noção do papel social que cada um exerce no grupo, das diferenças de atitudes, de reações de cada um. As brincadeiras vão formando o ser social, aquele que irá conviver com o outro, viver em sociedade, tendo que respeitar regras e limites. Já na pouca idade, dos dois ou três anos, brincando, a criança começa a perceber o outro, suas diferenças, permitindo-lhe construir sua identidade pessoal e social.
Através de jogos, de cartas, de dominó e outros, a criança aprende a lidar com as frustrações, a ceder, a negociar, a discutir, a solucionar problemas. A realidade vai se descortinando e ensinando a entender o mundo em que vive. Em determinados jogos, o faz-de-conta, por exemplo, ela assume diferentes papéis e diferentes representações: de mãe, de filha, de pai, de filho, de bailarino(a), pianista, notando um mundo de diferentes pessoas, com diferentes papéis. Percebe que uma mesma pessoa pode representar vários papéis sociais e vai desenvolver as várias habilidades correspondentes. É por meio dessas atividades que a criança aprende normas e valores. Muitos jogos estimulam a cooperação, como, por exemplo, a gangorra.
O importante é permitir às crianças manifestarem-se. Umas querem ler ou ouvir contos de fadas, outras, folhear o atlas, indagar sobre lugares diferentes, saber onde as pessoas moram e assim adquirir idéia de nação, de povos, cada um com seus costumes, seus trajes típicos, suas religiões, a língua que falam.
A escola deve estimular as crianças a partilharem com a classe suas

experiências, a trazerem assuntos para a aula. A partir de fatos interessantes que elas observam ou vivenciam, o professor inclui, nas aulas, discussões sobre os temas. A classe se torna um espaço gerador de conhecimentos e funciona de acordo com as dúvidas trazidas pelas crianças. É uma forma de adquirir conhecimento partindo do interesse da criança e ministrado de forma lúdica.
A criança é orientada a visitar, fora do horário escolar, em férias, ou em fins-de-semana, espaços culturais, bibliotecas, parques infantis, circos, museus, espetáculos de teatro, de música, exposições de arte, pintura, flores, animais etc. e levar à escola suas apreciações e sugestões. A escola trabalha com o objetivo de aproximar o ambiente cultural ao universo infantil, de descobrir programas interessantes, prazerosos, para entreter as crianças; de criar atrações capazes de estimular e encantá-las intelectualmente. O lazer se torna uma atividade orientada, com objetivos determinados.
 A criança precisa sentir que pode contar com o adulto no encaminhamento da brincadeira. Deve ser estimulada a se distrair, a aprender, mas sem exagero, com limites. O que deve contar são o interesse e a disposição do momento; programar experiências que possibilitem o desenvolvimento de seu potencial, iniciativa e criatividade.
Caixa de texto: Clique para voltar ao sumárioÉ fundamental respeitar o gosto da criança, dizem os psicólogos. Cada criança brinca de acordo com suas características pessoais.

A fantasia é indispensável para o bom desenvolvimento da criança. É fundamental, dizem os psicólogos, que os pais e os professores não atrapalhem a fantasia, expressa das mais diferentes maneiras. Quando o mundo imaginário é tolhido durante a infância, é comum a pessoa apresentar na fase adulta dificuldades para encarar a realidade. Muitos jovens ficam presos ao mundo fantasioso. É preciso, contudo, ficar atento à idade da criança. As que com 7 ou 8 anos ainda acreditam cegamente em histórias do mundo imaginário, possivelmente estão fugindo de alguns aspectos do mundo real. Famílias de formação católica cultivam hábitos como ganhar ovos de chocolate na Páscoa, vestir-se de Papai-Noel no Natal, outros, como trocar dentes-de-leite por moedas... Mais do que manter uma tradição ou proporcionar uma diversão, esses procedimentos atuam no desenvolvimento emocional da criança e podem refletir mais tarde na maneira como esse adulto vai lidar com a fantasia ou com a realidade. Por isso, não se deve encarar esses rituais como brincadeiras. É a partir da fantasia que a criança vai criar mecanismos para encarar a realidade. Por essa razão, os adultos devem responder às perguntas feitas por elas com cautela. No início, a criança acata a descrição feita do Papai-Noel ou do coelho sem nenhuma curiosidade. Com o tempo, algumas perguntas aparecem. O lado racional começa a aflorar. O próprio desenvolvimento da criança é que vai determinar quando isso ocorre. A criança acaba, por si, descobrindo que esses relatos não são verídicos, não há necessidade de os pais tentarem esclarecer. Os pais não devem forçar a criança a se tornar realista antes de seu momento. As tradições mudam com os modismos. As histórias também são atingidas pelos modismos. Coelhos, Papai-Noel e fadas, hoje, disputam com gnomos e duendes. Há, ainda, personagens que caíram no total esquecimento, como as cegonhas. Os pais já não dizem às crianças que encomendaram o bebê a essa ave. Outra fantasia muito comum são as varinhas de condão. Com elas, as crianças viajam e transformam as coisas. Há pais que conduzem as atividades fantasiosas com mais realismo, ficando num meio termo, procuram dar uma educação mais realista. Temem não ter dinheiro para satisfazer as fantasias e dizem às crianças que quem compra os presentes de Natal ou o chocolate de Páscoa são elas. Há, contudo, relatos de pesquisas que mostram que crianças de 4 anos e mesmo de 6 não querem aceitar essa verdade e afirmam aos pais que quem compra os presentes é Papai-Noel e é o coelho que lhes traz o ovo de Páscoa. “Ele é branco e bem pequeno”, imagina a criança. A fantasia muitas vezes acaba sendo mais forte, dizem os psicoterapeutas. Outros pais, entretanto, incentivam a fantasia, como, por exemplo, esconder os ovos de Páscoa, para a criança achar, colocar meias na janela e enviar desenhos, cartinhas para o Papai-Noel, na época do Natal. Aprender a se conduzir na educação dos filhos é procedimento extremamente salutar. Os benefícios virão para ambos os lados. Recebi, de uma prezada educadora, normas de conduta dos pais, que bateram com a minha formação e que considerei de real proveito registrá-las, a fim de atingir uma comunidade maior. O título vinha com a expressão “Missão do lar” e não trazia o nome do autor. MISSÃO DO LAR Antes de enumerar as considerações, acho oportuno lembrar os pais que eles dêem buscar, na escola, esclarecimentos sobre o processo de desenvolvimento da criança, do adolescente, e pôr em prática o que aprenderam. 1) Despertar na consciência dos filhos a existência de Deus, a nossa filiação divina e a imortalidade da alma; 2) Ensinar a prática da verdade; 3) Formar na criança o hábito do trabalho, quanto mais cedo melhor, de acordo com a sua capacidade; 4) Despertar e ensinar às crianças a prática da caridade; 5) O hábito da prece todos os dias, agradecendo a bênção da vida: 6) Estar atendo às atividades escolares e doutrinárias dos filhos; 7) Ensinar aos filhos a prática do perdão, não deixando permanecer entre eles qualquer animosidade; 8) Disciplinar com amor, aplicando a “energia amorosa”.; 9) Ensinar a respeitar e a amar a natureza; 10) A respeitar todos os familiares e todas as pessoas em geral; 11) Prometer à criança somente o que se possa cumprir, mas com discernimento; 12) Observar e tomar conhecimento das companhias e dos divertimentos dos filhos; 13) Visitar os familiares, sustentando a amizade e a união da família, dando atenção aos idosos; 14) Examinar as queixas dos filhos, ponderando as decisões pela razão, com o critério da verdade; 15) Tomar conhecimento das reclamações sobre os filhos, não de- fendendo precipitadamente, antes de averiguar com certeza a verdade do fato; 16) Preocupar-se com os filhos rebeldes, difíceis ou excepcionais. Não fazer comparações negativas com os irmãos ou compa- nheiros. Em todos os momentos, utilizar o recurso da prece; 17) Oferecer aos filhos somente brinquedos educativos que lem- brem a prática do bem e do trabalho. Elimine os brinquedos de guerra para o ensino da paz; 18) Os pais devem educar-se para educar, exemplificar para ensi- nar. Finalizo, lembrando Rui Barbosa, ao dizer: “Educa-se bem mais pelas ações que pelas palavras”.


A fantasia é indispensável para o bom desenvolvimento da criança. É fundamental, dizem os psicólogos, que os pais e os professores não atrapalhem a fantasia, expressa das mais diferentes maneiras. Quando o mundo imaginário é tolhido durante a infância, é comum a pessoa apresentar na fase adulta dificuldades para encarar a realidade. Muitos jovens ficam presos ao mundo fantasioso.
      É preciso, contudo, ficar atento à idade da criança. As que com 7 ou
8 anos ainda acreditam cegamente em histórias do mundo imaginário, possivelmente estão fugindo de alguns aspectos do mundo real.
      Famílias de formação católica cultivam hábitos como ganhar ovos de chocolate na Páscoa, vestir-se de Papai-Noel no Natal, outros, como trocar dentes-de-leite por moedas... Mais do que manter uma tradição ou proporcionar uma diversão, esses procedimentos atuam no desenvolvimento emocional da criança e podem refletir mais tarde na maneira como esse adulto vai lidar com a fantasia ou com a realidade. Por isso, não se deve encarar esses rituais como brincadeiras. É a partir da fantasia que a criança vai criar mecanismos para encarar a realidade. Por essa razão, os adultos devem responder às perguntas feitas por elas com cautela.
      No início, a criança acata a descrição feita do Papai-Noel ou do coelho sem nenhuma curiosidade. Com o tempo, algumas perguntas aparecem. O lado racional começa a aflorar. O próprio desenvolvimento da criança é que vai determinar quando isso ocorre. A criança acaba, por si, descobrindo que esses relatos não são verídicos, não há necessidade de os pais tentarem esclarecer. Os pais não devem forçar a criança a se tornar realista antes de seu momento.


      As tradições mudam com os modismos. As histórias também são atingidas pelos modismos. Coelhos, Papai-Noel e fadas, hoje, disputam com gnomos e duendes. Há, ainda, personagens que caíram no total esquecimento, como as cegonhas. Os pais já não dizem às crianças que encomendaram o bebê a essa ave. Outra fantasia muito comum são as varinhas de condão. Com elas, as crianças viajam e transformam as coisas.
     Há pais que conduzem as atividades fantasiosas com mais realismo, ficando num meio termo, procuram dar uma educação mais realista. Temem não ter dinheiro para satisfazer as fantasias e dizem às crianças que quem compra os presentes de Natal ou o chocolate de Páscoa são elas. Há, contudo, relatos de pesquisas que mostram que crianças de 4 anos e mesmo de 6 não querem aceitar essa verdade e afirmam aos pais que quem compra os presentes é  Papai-Noel e é o coelho que lhes traz o ovo de Páscoa. “Ele é branco e bem pequeno”, imagina a criança. A fantasia muitas vezes acaba sendo mais forte, dizem os psicoterapeutas.
      Outros pais, entretanto, incentivam a fantasia, como, por exemplo, esconder os ovos de Páscoa, para a criança achar, colocar meias na janela e enviar desenhos, cartinhas para o Papai-Noel, na época do Natal.
     Aprender a se conduzir na educação dos filhos é procedimento extremamente salutar. Os benefícios virão para ambos os lados. Recebi, de uma prezada educadora, normas de conduta dos pais, que bateram com a minha formação e que considerei de real proveito registrá-las, a fim de atingir uma comunidade maior. O título vinha com a expressão “Missão do lar” e não trazia o nome do autor.


MISSÃO DO LAR

      Antes de enumerar as considerações, acho oportuno lembrar os pais que eles dêem buscar, na escola,  esclarecimentos sobre o processo de desenvolvimento da criança, do adolescente, e pôr em prática o que aprenderam.
1)       Despertar na consciência dos filhos a existência de Deus, a nossa filiação divina e a imortalidade da alma;
2)       Ensinar a prática da verdade;
3)       Formar na criança o hábito do trabalho, quanto mais cedo melhor, de acordo com a sua capacidade;
4)       Despertar e ensinar às crianças a prática da caridade;
5)       O hábito da prece todos os dias, agradecendo a bênção da vida:
6)       Estar atendo às atividades escolares e doutrinárias dos filhos;
7)       Ensinar aos filhos a prática do perdão, não deixando permanecer entre eles qualquer animosidade;
8)       Disciplinar com amor, aplicando a “energia amorosa”.;
9)       Ensinar a respeitar e a amar a natureza;
10)   A respeitar todos os familiares e todas as pessoas em geral;
11)   Prometer à criança somente o que se possa cumprir, mas com discernimento;
12)   Observar e tomar conhecimento das companhias e dos divertimentos dos filhos;
13)   Visitar os familiares, sustentando a amizade e a união da família, dando atenção aos idosos;
14)   Examinar as queixas dos filhos, ponderando as decisões pela razão, com o critério da verdade;


15) Tomar conhecimento das reclamações sobre os filhos, não de-            fendendo precipitadamente,  antes  de averiguar  com certeza a           verdade do fato;
16) Preocupar-se com os filhos rebeldes, difíceis ou excepcionais.            Não fazer  comparações negativas com os irmãos ou compa-        nheiros. Em todos os momentos, utilizar o recurso da prece;
17) Oferecer  aos  filhos  somente  brinquedos  educativos que lem-                  
            brem a prática do bem e do trabalho.  Elimine os brinquedos de
            guerra para o ensino da paz;
18) Os pais devem educar-se para educar,   exemplificar para ensi- 
      nar.              
Caixa de texto: Clique para voltar ao sumário       Finalizo, lembrando Rui Barbosa, ao dizer: “Educa-se bem mais pelas ações que pelas palavras”.
A escola deve procurar na família os problemas de comportamento de seus alunos . É na família que se  delineiam as  características  sociais, éticas e morais da criança, futuro adulto.
O conhecimento sobre a criança, em seus amplos aspectos, deve ser perseguido pela escola. Buscando i8lustrarl-se, a escola vai às causas do comportamento anti-social, discute-as com os pais, para que estes possam entender melhor o que se passa com o filho e ajuda-lo. A educação integral dada pela escola não pode se descuidar do emocional, do comportamental, se quiser atingir uma aprendizagem plena.
Um forte fator de desestruturação da personalidade é a desestruturação da família. A criança sofre um impacto quando os pais se separam, criando comportamentos agressivos. Mais precisamente, dizem os psicólogos, não é bem a separação que causa problema, mas a ausência ou negligência dos pais em relação aos filhos. Ao se separarem, os pais não se divorciam da maternidade ou da paternidade. A ausência pode dar-se tanto entre casais separados, quanto em pais que vivem juntos. O que conta é a qualidade do relacionamento. As tensões nas relações familiares concorrem, igualmente, para o comportamento desajustado.
Falta de supervisão, de regras, de comunicação, de indiferença ou apatia dos pais, trazem problemas de comportamento, como, também, quando exercem a autoridade sob a forma de exigência. Diálogo e autoridade dêem caminhar juntos. Pais democráticos, e que ao mesmo tempo se impõem , dão valor tanto à autonomia do filho quanto ao comportamento disciplinado.  Estimulam  o  diálogo,  a troca de idéias e

Quando exercem a autoridade, sob a forma de exigência ou proibição, explicam suas razões. Afinal, educar implica na necessidade de dizer não.
      Os filhos tendem sempre a testar os limites dos pais e estes devem sempre se apoiar no amor, no equilíbrio, no bom senso. Não deve haver jogo duplo. O filho quer ser tratado com justiça, autenticidade. Quer coerência entre o dizer e o ser. A educação não traumatizante, a ausência de responsabilidade, geram confusões mentais.
      A escola não pode adotar uma atitude de avestruz, procurando não enxergar os problemas de comportamento que esbarram na aquisição da aprendizagem.
      Uma outra forte causa que abala o comportamento da criança é o sentimento de perda. As perdas ameaçam o seu mundo, formado basicamente de pai, mãe, irmão(s) e escola. É alguém da família que morre, um animalzinho de estimação que foge, um coleguinha da escola que muda de cidade, ou os pais que se separam. A criança sente-se insegura, desprotegida, o que pode gerar distúrbios como agressividade, ansiedade, falta de apetite e quebra no rendimento escolar. A pior das perdas é quando morre o pai, a mãe ou alguém da família muito próxima da criança.
      Até aproximadamente 7 anos, ela não entende que a morte é irreversível. Só depois dos 10 anos surge a verdadeira percepção da morte, dizem os psiquiatras infantis. Orientam que se deve falar com clareza sobre o assunto e não ter receio de falar a palavra “morrer”. As perdas fazem parte da vida e do aprendizado na infância. O importante nessas circunstâncias é fazer a criança sentir-se amada, sentir de que não está sozinha, não está desamparada. O adulto deve levar a sério seus sentimentos, que a ampare em seus medos, em seus receios pela

    Ausência do ente querido. Não se deve reprimir o seu choro, deixá-la exteriorizar a sua dor. Dizem os especialistas que discurso não funciona para crianças. O que se deve fazer é rodeá-las de atenções e afeto. Contudo, não se deve mimar. Amparar não significa deixar a criança fazer tudo o que quer. Falta de limite pode ser entendida como falta de atenção.
     O  que  se deve  fazer é dar espaço para a criança falar sobre o acontecido, falar da saudade, de seus medos, de seus sentimentos. Dessa forma, ela vai se sentir mais segura. Os psicólogos afirmam que formar e romper vínculos nada mais são do que um grande exercício de amor.
     Passam-nos conselhos úteis:
·         Fale claramente: o fulano morreu;
·         Não faça discurso, nem dê mil explicações. Mostre, com atitude
      e muito afeto, que ela não esta desamparada;
  • Não torne o assunto proibido. Converse naturalmente com a          criança sobre o ocorrido, sobre a saudade, enfim, sobre os sentimentos;
  • Se foi o pai quem morreu, por exemplo, não faça drama no Dia           dos Pais. Deixe a criança fazer o presente na escola e pergunte para quem ela quer dar;
  • Avise na escola que ocorreu a morte de alguém muito próximo.                      É bom que a professora saiba para observar a  criança.  É  para cuidar, não discriminar.
Caixa de texto: Clique para voltar ao sumárioPais e mestres trabalhando juntos,  as  causas do comportamento desajustado surgem mais claras e, assim, mais confiantes eles atravessarão as barreiras emocionais, que tanto interferem na aprendizagem.

O PAPEL DA FANTASIA NA CRIANÇA


A fantasia é indispensável para o bom desenvolvimento da criança. É fundamental, dizem os psicólogos, que os pais e os professores não atrapalhem a fantasia, expressa das mais diferentes maneiras. Quando o mundo imaginário é tolhido durante a infância, é comum a pessoa apresentar na fase adulta dificuldades para encarar a realidade. Muitos jovens ficam presos ao mundo fantasioso.
      É preciso, contudo, ficar atento à idade da criança. As que com 7 ou
8 anos ainda acreditam cegamente em histórias do mundo imaginário, possivelmente estão fugindo de alguns aspectos do mundo real.
      Famílias de formação católica cultivam hábitos como ganhar ovos de chocolate na Páscoa, vestir-se de Papai-Noel no Natal, outros, como trocar dentes-de-leite por moedas... Mais do que manter uma tradição ou proporcionar uma diversão, esses procedimentos atuam no desenvolvimento emocional da criança e podem refletir mais tarde na maneira como esse adulto vai lidar com a fantasia ou com a realidade. Por isso, não se deve encarar esses rituais como brincadeiras. É a partir da fantasia que a criança vai criar mecanismos para encarar a realidade. Por essa razão, os adultos devem responder às perguntas feitas por elas com cautela.
      No início, a criança acata a descrição feita do Papai-Noel ou do coelho sem nenhuma curiosidade. Com o tempo, algumas perguntas aparecem. O lado racional começa a aflorar. O próprio desenvolvimento da criança é que vai determinar quando isso ocorre. A criança acaba, por si, descobrindo que esses relatos não são verídicos, não há necessidade de os pais tentarem esclarecer. Os pais não devem forçar a criança a se tornar realista antes de seu momento.


      As tradições mudam com os modismos. As histórias também são atingidas pelos modismos. Coelhos, Papai-Noel e fadas, hoje, disputam com gnomos e duendes. Há, ainda, personagens que caíram no total esquecimento, como as cegonhas. Os pais já não dizem às crianças que encomendaram o bebê a essa ave. Outra fantasia muito comum são as varinhas de condão. Com elas, as crianças viajam e transformam as coisas.
     Há pais que conduzem as atividades fantasiosas com mais realismo, ficando num meio termo, procuram dar uma educação mais realista. Temem não ter dinheiro para satisfazer as fantasias e dizem às crianças que quem compra os presentes de Natal ou o chocolate de Páscoa são elas. Há, contudo, relatos de pesquisas que mostram que crianças de 4 anos e mesmo de 6 não querem aceitar essa verdade e afirmam aos pais que quem compra os presentes é  Papai-Noel e é o coelho que lhes traz o ovo de Páscoa. “Ele é branco e bem pequeno”, imagina a criança. A fantasia muitas vezes acaba sendo mais forte, dizem os psicoterapeutas.
      Outros pais, entretanto, incentivam a fantasia, como, por exemplo, esconder os ovos de Páscoa, para a criança achar, colocar meias na janela e enviar desenhos, cartinhas para o Papai-Noel, na época do Natal.
     Aprender a se conduzir na educação dos filhos é procedimento extremamente salutar. Os benefícios virão para ambos os lados. Recebi, de uma prezada educadora, normas de conduta dos pais, que bateram com a minha formação e que considerei de real proveito registrá-las, a fim de atingir uma comunidade maior. O título vinha com a expressão “Missão do lar” e não trazia o nome do autor.


MISSÃO DO LAR

      Antes de enumerar as considerações, acho oportuno lembrar os pais que eles dêem buscar, na escola,  esclarecimentos sobre o processo de desenvolvimento da criança, do adolescente, e pôr em prática o que aprenderam.
1)       Despertar na consciência dos filhos a existência de Deus, a nossa filiação divina e a imortalidade da alma;
2)       Ensinar a prática da verdade;
3)       Formar na criança o hábito do trabalho, quanto mais cedo melhor, de acordo com a sua capacidade;
4)       Despertar e ensinar às crianças a prática da caridade;
5)       O hábito da prece todos os dias, agradecendo a bênção da vida:
6)       Estar atendo às atividades escolares e doutrinárias dos filhos;
7)       Ensinar aos filhos a prática do perdão, não deixando permanecer entre eles qualquer animosidade;
8)       Disciplinar com amor, aplicando a “energia amorosa”.;
9)       Ensinar a respeitar e a amar a natureza;
10)   A respeitar todos os familiares e todas as pessoas em geral;
11)   Prometer à criança somente o que se possa cumprir, mas com discernimento;
12)   Observar e tomar conhecimento das companhias e dos divertimentos dos filhos;
13)   Visitar os familiares, sustentando a amizade e a união da família, dando atenção aos idosos;
14)   Examinar as queixas dos filhos, ponderando as decisões pela razão, com o critério da verdade;


15) Tomar conhecimento das reclamações sobre os filhos, não de-            fendendo precipitadamente,  antes  de averiguar  com certeza a           verdade do fato;
16) Preocupar-se com os filhos rebeldes, difíceis ou excepcionais.            Não fazer  comparações negativas com os irmãos ou compa-        nheiros. Em todos os momentos, utilizar o recurso da prece;
17) Oferecer  aos  filhos  somente  brinquedos  educativos que lem-                  
            brem a prática do bem e do trabalho.  Elimine os brinquedos de
            guerra para o ensino da paz;
18) Os pais devem educar-se para educar,   exemplificar para ensi- 
      nar.              
Caixa de texto: Clique para voltar ao sumário       Finalizo, lembrando Rui Barbosa, ao dizer: “Educa-se bem mais pelas ações que pelas palavras”.

O SENTIMENTO PATRIÓTICO


Valores que despertam para a espiritualidade, na direção da moral, da ética, do cooperativismo, que despontam para a valorização e o amor à pátria, na configuração de uma terra respeitada, altaneira, batem à porta da escola e pedem para entrar. Formar o aluno nessas duas vertentes contribui para uma sociedade assentada em bases humanísticas e cívicas.
O sentimento patriótico amplia e reforça a visão de família, de luta unida em favor do bem comum. Afinal, a pátria não é mais que uma agregação de famílias, sustentadas por um tronco comum a todos. Desenvolver a noção de pátria é meio caminho andado à formação política do aluno.
Politizar o educando é um objetivo que não pode ser postergado. Levá-lo à análise do comportamento político, do conhecimento dos regimes políticos, da ética democrática, diferenciando-a da cultura autoritária, na conquista da cidadania, do convívio social,  da reivindicação dos direitos do cidadão e respeito pelos deveres a serem cumpridos, no nascimento de um povo novo. De um povo que, pela participação política, renasce, a cada dia, para a batalha da vida, para a busca de soluções aos destinos de sua terra. Politizar o aluno é dar-lhe estrutura para atuar no campo político, com vistas a uma política responsável, a uma militância consciente. Levá-lo a refletir sobre o voto e sua importância para o País. Mecanismos pedagógicos devem ser acionados, como debates, discussões, trabalhos entre os alunos, ressaltando-se temas como “O País que quero morar”, “O País que quero ter”, “O País dos meus sonhos” etc.
Presenciamos  com  entusiasmo  o retorno aos estímulos patrióticos,

com a volta, às escolas, do hasteamento da bandeira e da execução do hino nacional. Há tempos atrás, uma vez por semana, antes do início da 1.ª aula de cada período, professores e alunos hasteavam a bandeira e cantavam o hino pátrio, tentando resgatar valores de nacionalidade, de amor e compromisso para com a pátria. No fim do dia, um aluno era destacado para arriar a bandeira, dobrá-la e, com orgulho, entregá-la a um professor.
O programa governamental, de junho de 2002, denominado Mutirão da Cidadania, teve o mérito de despertar para o retorno do movimento patriótico, instituindo a volta do ato cívico mencionado.
A Secretaria da Educação, abraçando a idéia, remete à escola, em sua autonomia, a decisão de avaliar a pertinência dessa realização, que reforça a cidadania. O Secretário da Educação, Gabriel Chalita, considerou que o hino pode ser usado, também, como base para o ensino das disciplinas do programa curricular, em trabalhos interdisciplinares. Ensinar português, história, geografia e até matemática, utilizando-se do hino.
Embora a execução do hino nacional não esteja sendo obrigatório, o Ministério da Educação (MEC) lembra que pela lei 5.700, de 1.º de setembro de 1971, promulgada pelo governo Médici e mantida na Constituição de 1988, as escolas do ensino fundamental e médio são obrigadas a hastear a bandeira e a cantar o hino uma vez por semana, durante o ano letivo. Essa determinação, infelizmente, caiu no esquecimento.
À argumentação de alguns de que a instituição do hino é uma volta ao passado, ao governo militar, à lembrança desse regime, o secretário Chalita rebate, dizendo: “Para alguns pode lembrar a ditadura, mas, também, lembra as diretas-já e Ayrton Senna”.

Finalmente, um decreto presidencial, assinado por Luiz Inácio Lula da Silva, na solenidade em comemoração ao 7.º Encontro Cívico MEC/Nestlé, realizado no Palácio do Planalto, logo após o desfile de 7 de Setembro de 2003, reza que as escolas públicas de todo o País terão de fazer um hasteamento solene da Bandeira Nacional, ao menos uma vez por semana. As escolas deverão hastear a bandeira, preferencialmente, às segundas-feiras, no turno matutino, e às sextas-feiras, no vespertino.
Acima de qualquer consideração, o hino é um sentimento suprapartidário, supra-regimental, encerra em si mesmo o amor à pátria, encontra nesse amor o seu maior significado
Somos responsáveis pelos homens públicos que colocamos no poder e acertamos bem mais quando acompanhamos suas ações, seus desempenhos, quando aprendemos a manusear as armas poderosas que as eleições nos oferecem, filtrando, peneirando o universo indesejável. A escola conseguirá formar um aluno compromissado com a pátria, se despertar o amor à terra natal desde a tenra idade, porque os bons princípios, os sentimentos, crescendo com a criança, se  desenvolvendo com ela, se firmarão e dificilmente serão abalados.
Ao mestre, reforço as reflexões, nos meus versos abaixo:

  AMOR  À  PÁTRIA



Quando criança, meu coração batia

Ao ouvir o hino nacional,
As cores da bandeira eu coloria,
Sentia minha esta terra natal!

Cresci orgulhosa da terra-mãe,
Na sua grandeza me espelhava,
Queria lutar, ser-lhe filha, irmã,
O ardor patriótico me falava!

Freqüentando a escola, mais tarde,
Aprendi os três poderes constituídos,
O respeito, praticado sem alarde,
O civismo em passos instituídos.

Hoje, olho a criança, sua apatia,
Não aprende a pátria enaltecer,
É barco perdido em travessia,
Nave sem lume no alvorecer!

Tradição e valores esquecidos
Tornam pobre toda e qualquer nação,
Navio de pilares enfraquecidos
Não leva longe a tripulação.

A pátria é dos filhos a identidade,
Termômetro das condições de vida,
Querê-la pujante, em notoriedade,
Lealdade se elege, esforço se envida.

Orgulho da pátria, orgulho do lar,
Patente timbrada em nobre brasão,
Caixa de texto: Clique para voltar ao sumárioLaço materno que nos clama a amar,
A nos dar as mãos, chamarmos de irmão.

MÉTODOS ATIVOS PARA A APRENDIZAGEM


Os métodos ativos que privilegiam a grande participação dos alunos, que mantêm uma interação fecunda professor/aluno, substituem os métodos didáticos tradicionais.
A linha pedagógica tradicional apoiava-se na transmissão do conhecimento. O professor era a figura central do processo de aprendizagem. Era ele quem transmitia as informações para o aluno, que memorizava o conteúdo com exercícios repetidos e reproduzia o que aprendeu na avaliação. A disciplina era rígida e os alunos deveriam seguir as regras de comportamento estabelecidas pela escola. Hoje, esse método encontra-se em desacordo com o momento atual. A escola não se sustenta mais como transmissora, ela deve ser construtora do saber. A disciplina não é mais imposta, mas discutida e estabelecida juntamente com os alunos.
Os métodos ativos são uma necessidade da nossa época. Não são novos na literatura pedagógica. Ao longo dos tempos eles vêm sendo citados, mas pouco usados. Não havia uma conscientização geral de sua aplicabilidade. Hoje, porém, são irreversíveis, indispensáveis. Eles começaram a se despontar com mais vigor no final do século XVIII.
Jean Jacques Rousseau (1712-1778) é o pioneiro da educação moderna. Filósofo francês, defendeu a necessidade de atender os interesses próprios das crianças; que os adultos não impusessem a elas seus pensamentos. A criança nasce boa, a sociedade corrompe-a, por isso a escola deve aprimorar-se em sua educação moral, apregoava.
No final do século XVIII e século XIX, com Pestalozzi e Froebel, vemos a psicologia nascente. Johan Pestalozzi (1740-1827), pai da edu-
cação integral, dizia: “O amor é o instrumento da educação”. Propunha o método da observação, que o currículo partisse do próximo para o distante.
Friedrich Froebel (1782-1852) utilizava na Prússia, onde nasceu, o método indutivo em atividades construtivistas.
Johann Friedrich Herbart (1776-1841), psicólogo e teórico da educação, nascido na Alemanha, propunha partir daquilo já conhecido pelo aluno, associar o novo ao já conhecido, usar a experiência anterior do aluno, como base para a atividade didática, cultivar o desenvolvimento moral através da instrução. (Pontos abordados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais).
Ovide Deeroly (1871-1932), educador belga, pôs ênfase no aprendizado pela prática. Valorizava o material construído pelas crianças.
Rudolf Steiner (1861-1925), educador alemão, deu origem ao método Waldorf, também chamado antroposófico. O método trabalha conjuntamente sobre três eixos de desenvolvimento da criança: físico, social e individual. As turmas se dividem por faixa etária e não por série. Não há repetências e a relação da escola com a família é grande. Cada professor é um tutor que guia a mesma turma por um período de sete anos. O nome Waldorf provém do fato de os primeiros alunos de Steiner serem funcionários da fábrica Waldorf Astoria, na Alemanha.
Maria Montemori (1870-1952), médica italiana, desenvolveu técnicas para ensinar crianças excepcionais. Parte do pressuposto de que a criança é dotada de infinitas potencialidades e é capaz de autoconhecimento. Seu método foi chamado de “Escola do Silêncio”, por estimular a concentração, a introspecção. Acentua a integração social. As atividades são propostas levando-se em consideração as potencialidades da criança.
 Na relação professor/aluno as atividades são sugeridas e orientadas, deixando que a própria criança se corrija.
Celestin Freinet  (1896-1966),  apregoava a aproximação do ensino à prática, como Decroly. Os alunos praticam enquanto aprendem. Enfatizava o ensino prático. Criou o sistema de correspondência dos alunos por meio de “jornais”, que escrevem enquanto se alfabetizam. Freinet dizia que o aluno não vai à escola para tirar uma nota e, sim, para crescer, desenvolver-se.
Jerome Bruner, americano, contemporâneio de Piaget, com seu “currículo em espiral”, dizia que se o professor respeitar os modos de pensar das crianças, suas formas lógicas de pensamento, será possível introduzi-las, precocemente, às idéias e estilos mais avançados. O currículo vai e volta, recupera, leva para frente, sempre ampliando. Deu ênfase ao método da descoberta, quando o professor deve criar condições para o aluno descobrir, raciocinar. O seu conceito de prontidão leva em conta o estágio de desenvolvimento da criança.
Jean Piaget (1896-1980) não foi educador, mas biólogo. Procurou decifrar as fases do desenvolvimento mental da criança. Desenvolveu o método do construtivismo. Estudou como a criança apreende o mundo espontaneamente, organizando os dados do exterior, a partir dos quais vai construindo seu conhecimento. A criança é um ser que interage com a realidade e assim forma suas estruturas mentais. Noções como proporção, quantidade, causalidade, volume e outras, surgem com a própria interação da criança e o meio em que vive.
Emília Ferreiro, uma aluna de Piaget, ampliou a teoria para o campo da leitura e da escrita e concluiu que a criança pode se alfabetizar sozinha, desde que esteja em ambiente que estimule o contato com letras e texto.                                                                                                       
Contemporâneo a Piaget, o russo Lev Vigotsky desenvolveu uma psicologia construtivista, levando em conta as atividades interpessoais da criança e a história social.
Esses  últimos três autores citados serão abordados,  especificamente, mais adiante, ainda nesse capítulo de Educação Infantil.
Podemos perceber que a escola moderna está, basicamente, fundamentada nos métodos desses precursores, considerados mentores da educação moderna. São observações que foram se aprimorando ao longo dos anos, atingindo um grau evoluído de aplicação.
Caixa de texto: Clique para voltar ao sumárioAos métodos ativos, acrescentaria o pensamento do educador paulista Antonio Severino, que diz:  “O professor deve  ser fundamentalmente particular e fundamentalmente universal. Pensar globalmente, agir localmente”.

ENTRAVES À QUALIDADE DE ENSINO


Após ter participado de um encontro de estudos sobre os entraves a uma educação de qualidade,  reuni as conclusões e as relato neste artigo.
Está havendo universalização da oferta do ensino fundamental, mas não da oferta de um ensino de qualidade e sem esta, em termos pessoais e profissionais, a escolaridade esvazia-se.
Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado em julho de 2001, demonstrou que mesmo o diploma do ensino médio não é mais garantia de emprego. As empresas estão selecionando os candidatos por tipo de escolaridade, pela escola que freqüentaram e não apenas pelo período de permanência na escola.
Entramos numa nova ordem social. Já passou a fase em que o mercado de trabalho exigia apenas maior número de anos de escolaridade para os que buscam o primeiro emprego. Agora, o que está sendo exigido é a maior qualificação dessa escolarização. Como conseguir estas qualificações nas escolas públicas?
Os currículos escolares mudaram, os planos pedagógicos mudaram, para poder acompanhar as exigências da nova clientela, mas o professor não mudou. Continua preso aos métodos convencionais, apoiando-se na memorização, na velha rotina da matéria decorada. O professor não aprendeu a desenvolver, nos alunos, competência, não assimilou os novos métodos de ensino, não sabe, ainda, como passá-los da teoria para a prática – sua formação foi baseada na teoria. Se a sala de aula não muda, nada muda. Hoje, dizemos que o professor precisa se tornar uma espécie de “antena do mundo”, unindo a teoria à prática.
A  escola  pública  vem  tendo  uma  tarefa cada vez mais complexa,
atende os mais diversos grupos sociais, desde o filho do professor, do dentista, como o filho da mãe solteira, do desempregado. Passa por uma crise no pensamento pedagógico, que não consegue encontrar uma resposta técnica ao contexto diversificado que marca sua realidade. Encontra dificuldade em lidar com as diferenças que convivem dentro do mesmo espaço.
A escola de hoje precisa discutir formas de fazer a inclusão social, de como romper as barreiras entre grupos sociais diferentes. Conhecer bem, pesquisar a realidade que a circunda, a partir daí criar projetos que colaborem com a melhoria das condições de vida da população local. Incluir, através da contextualização do currículo, métodos e trabalhos inovadores na área da educação.
O que se nota é que o professor não está preparado para lidar com os problemas do mundo contemporâneo, a se relacionar melhor com a comunidade, nos aspectos das relações humanas; preparado  para mudar seus métodos tradicionais, atualizá-los. Há um outro agravante,  a escola  ainda  se  mantém  sob  a  égide da profecia auto-realizadora, que discrimina e prejudica os mais necessitados. Os estereótipos, as opiniões negativas sobre a capacidade de aprender dos alunos permanecem “ipsis litteris”, isto é, tudo igual. Um estudo comparou os cadernos de exercícios dos alunos de 10 ou 15 anos atrás e notou que, praticamente, não houve mudança: exercícios parecidos, a mesma estrutura metodológica e, em algumas disciplinas, exatamente iguais.
A crise de violência da sociedade repercute na escola e a faz refém desse ambiente conturbado. Vivemos uma crise de confiança, de segurança, contaminando a escola, afetando, comprovadamente, a disposição de quem ensina e de quem aprende. Há a apreensão, a falta de perspectiva em relação ao futuro e o futuro é matéria-prima do trabalho do professor. A sociedade, assim como a estrutura educacional, mudou, mudaram-se as leis, mas os piores aspectos da realidade não só permanecem os mesmos, como denegriram ainda mais.
Temos que nos enquadrar no mundo em que vivemos, analisar a sociedade que existe e a que queremos, com o mundo em transformação e lutar para melhorá-la. A escola precisa contar com um nível técnico real por parte de seu pessoal, elevar a auto-estima dos alunos, melhorar sua auto-expressão, pois  que  elas  refletirão de  maneira  positiva, também,  na vida deles fora da escola. É indispensável envolver-se na discussão de estratégias que levem a uma melhor convivência humana. Estratégias que vão desde campanhas em prol da paz até a inclusão de temas, como ética e cidadania no currículo, criando situações para o seu exercício no dia-a-dia escolar e à realização de atividades culturais e esportivas nas escolas, também em fins-de-semana.
Para criar um ambiente favorável à aprendizagem, alunos, professores, comunidade escolar precisam aprender a conviver com a paz, com a solidariedade, valores esquecidos da sociedade. Num mundo em que a competição é regra número um, como esperar que as pessoas pratiquem a solidariedade?
É na convivência escolar que se trabalha, que se tenta quebrar a cultura do individualismo. A índia Francisca N. Pinto de Ângelo, então presidente do Conselho de Educação Escolar Indígena de Mato Grosso, na abertura da Universidade Estadual de Mato Grosso, desabafou, dizendo: “As universidades dos brancos ensinam como ser egoísta, competir no mercado de trabalho e que  só é melhor quem tem mais competência. Para o índio, isso não importa. Valorizamos a coletividade”.
Caixa de texto: Clique para voltar ao sumárioNo sentido de grupo, temos muito que aprender com os índios!

EMÍLIA FERREIRO: UMA EXPERIÊNCIA NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO


Emília Ferreiro, psicóloga e pesquisadora argentina, deixou-nos valiosa experiência na construção do conhecimento. Preocupada com o alto índice de analfabetismo na América Latina, começou a se questionar o que poderia estar errado para justificar um desempenho tão negativo das crianças. Passou a analisar, pela primeira vez, o conhecimento à luz da criança e não do professor. Resultou em conceitos mundialmente aceitos.
A partir das teorias do biólogo francês Jean Piaget (1896-1980), que fora seu mestre, Emília Ferreiro concluiu que a criança levanta hipótese acerca da escrita e constrói seu conhecimento em quatro fases: 1.ª) pré-silábica – a escrita não tem relação com a emissão da fala (a palavra boi, por exemplo, não é percebida como pequena pela criança, e graficamente costuma representá-la com vários rabiscos. A imagem grande do boi sugere-lhe uma palavra grande; 2.ª) silábica – aqui, a criança descobre a relação fonema-grafema (só que a sílaba “ba”, por exemplo, será lida por ela apenas como “a”; 3.ª) alfabética – nessa fase, começa a colocar as primeiras sílabas, formando o par; e 4.ª) ortográfica – a criança vai, finalmente, em busca das regras do sistema.
Emília Ferreiro considera a alfabetização como um  processo  de aquisição do conhecimento e não apenas como uma técnica de ler e escrever.  Para incorporar esse conhecimento, a criança precisa de tempo para se familiarizar com a língua escrita. No caso de crianças pobres, com quem Emília trabalhou,  esse  tempo  deve ser maior, porque elas não costumam ter em casa jornais, revistas ou livros que lhes possibilitem contato com a escrita.
É importante ao aluno participar do processo de aquisição de conhecimento e executar ações para chegar a um determinado conceito. Ele pode descobrir, por exemplo, os conceitos de volume ou massa manipulando um bola de gude. Em contato com o material, ele faz uma estimativa para desenvolver um método de cálculo. A partir de uma exploração mental da realidade, a criança encontra soluções para um problema concreto.
As pesquisas de Emília abordam a reflexão sobre um objeto que o aluno vai conhecer, como, por exemplo, a linguagem. Seu trabalho sobre alfabetização prevê a relação entre escrita e fala. Não vincula as letras a seus sons. De acordo com esta concepção, o caminho é levar o aluno a explorar a relação entre escrita e significado para descobrir e estabelecer a ligação com a fala.
A criança elabora o que Emília chama de “hipótese silábica” – cada letra representa uma sílaba da palavra. Esta é a primeira fase em que o aluno relaciona a escrita aos aspectos formais da fala. A segunda é a “hipótese alfabética”, fase em que a criança relaciona escrita e fala. A criança, em contato com o material escrito, começa a pensar sobre esta realidade e a resolver problemas.
Uma didática voltada para os alunos de classes populares e fundamentada em conceitos desenvolvidos por Emília, cria situações que favorecem o contato com a escrita. Exemplificando: além de manusear blocos de letras isoladas, os alunos são incentivados à leitura de jornais na sala de aula e de troca de correspondência, em ações que facilitam a aprendizagem da leitura.
Emília Ferreiro vem sendo apontada como autora da revolução conceitual sobre o processo de educação infantil. Ela  teve sua tese de doutoramento orientada por Jean Piaget. Desenvolveu durante duas décadas pesquisas científicas sobre a aprendizagem da leitura e da escrita dentro das proposições da epistemologia de Piaget. Ela mudou o enfoque da pesquisa de alfabetização. Seus estudos indicam que, no processo de aprendizagem, a criança refaz a história da escrita da humanidade. Durante o aprendizado, ela trabalha com desenhos semelhantes aos utilizados pelos antepassados, até alcançar a compreensão de todo o processo.
Segundo Emília Ferreiro, as produções espontâneas são os indicadores mais  claros que as crianças fazem para compreender a natureza da escrita. Antes de entender que as letras podem estar associadas à expressão de uma realidade, elas trabalham com imagens gráficas, como desenhos. Elas vinculam imagens à capacidade de expressar aspecto do real.
Para a psicóloga, a aprendizagem da língua escrita deve ser concebida como o modo de construção de um sistema de representação. Ela questiona a concepção de que a escrita é um código de transcrição de unidades sonoras em unidades gráficas. Nesse caso, a aprendizagem seria entendida como a aquisição de uma técnica e a prática alfabetizadora como um método, que não cria conhecimento.
Segundo suas pesquisas, métodos tradicionais consideram os aspectos gráficos das produções e não os construtivos. Os gráficos relacionam-se com a qualidade do traço, a distribuição espacial das formas etc. Os construtivos, com o que a criança quer representar e os meios usados para diferenciar as representações.

Um exemplo


Emília Ferreiro ilustra formas de diferenciação entre as escritas, elaboradas por uma menina de quatro anos e meio.  Aqui segue o diálogo mantido entre a pesquisadora e a criança.


    (Desenho bonequinho)                      
-- O que você desenhou?                   
-- Um boneco.                                   
-- Ponha o nome.                       
-- (Rabisco – a)                                  
-- O que você pôs?        
-- Ale (seu irmão).                              
-- Desenha uma casinha.        
-- (Desenho)                                      
-- Ponha o nome.                              
-- Rabisco – b)                                  
-- O que você pôs?                            
-- Casinha.                                 
-- Você sabe colocar o seu nome?   
-- (Quatro rabiscos separados – c)
-- O que é isso?
-- Adriana.
-- Onde diz Adriana?
-- (Assinala globalmente)
-- Por que tem quatro pedacinhos?
-- ... Porque sim.
-- O que diz aqui (1.º)?
-- Adriana.
                    -- E aqui (2.º)?
-- Alberto (seu pai).
-- E aqui (3.º)?
-- Ale (seu irmão).
-- E aqui (4.º)?
--Tia Picha.

Emília Ferreiro registrou a importância das diferentes culturas, do multilingüismo, das variações dialetais, variações da fala, no processo ensino-aprendizagem, no processo de alfabetização.
      O professor, ao respeitar a cultura dos alunos, seus costumes, suas
tradições, dá autenticidade à aprendizagem.

O  CONSTRUTIVISMO


Jean Piaget descobriu que as crianças não pensam como adultos, têm sua própria ordem e sua própria lógica. Para a pedagogia tradicional, elas eram como “recipientes” a serem preenchidos com conhecimento. Seymour Pappert, um grande construtivista, matemático que fundou com Marvin Minsky o Laboratório de Inteligência Artificial do MIT, reafirma a posição de Jean Piaget. Diz que as crianças “são ativos construtores do conhecimento, como cientistas que criam e testam suas próprias teorias sobre o mundo”.
Para Piaget, o conhecimento resulta da interação entre o sujeito e o mundo. Mundo em que o sujeito não é passivo e o conhecimento não é cópia, mas construção ou elaboração do mundo. Nas palavras de Piaget, é “assimilação da realidade”.
Construir o conhecimento é aprender uma história pessoal e coletiva, segundo uma estrutura em construção. Dessa forma, o sujeito e o conhecimento se constroem,  isto é,  para haver aprendizagem não basta a transmissão da informação, por mais competente que ela seja. É o sujeito quem, fazendo relações, associando o novo ao já conhecido, vai construindo o conhecimento, segundo a sua estrutura de formação. O sentido do assunto será construído em cada sujeito, de acordo com os esquemas de compreensão que já adquiriu. O mesmo assunto, para uma criança, certamente terá significado diferente da do adulto.  A
criança terá, ao longo da vida, várias oportunidades de ressignificar o assunto, de acordo com sua experiência.
O construtivismo ensina o aluno a criar, a levantar hipóteses, a relacionar, a concluir, a interferir. Passos que levam à formação de conceitos, à interiorização do conteúdo e não à memorização. Vale-se do currículo, da metodologia, para ensinar o aluno a pensar, a formar “uma cabeça bem feita”.
“Emília  Ferreiro  aprofunda  um  aspecto importante no processo de
Caixa de texto: Clique para voltar ao sumárioconstrução  da leitura e escrita: problema cognitivo envolvido no estabelecimento  da relação entre  o  todo  e  as  partes  que  o  constituem. Mostra-nos  que  a criança  elabora uma série de hipóteses trabalhadas através  da  construção  de  princípios organizadores, resultados não só de  vivências  externas  mas   também por um processo interno. Mostra, ainda,  como  a  criança assimila seletivamente as informações disponíveis  e  como  interpreta textos escritos antes de compreender a relação entre as letras e os sons da linguagem”.  (Referência final do livro “Com todas as Letras”).