quinta-feira, 12 de julho de 2012

ATIVIDADES “ZEN” PARA CRIANÇAS


Toda criança quer limite e afeto. Se é desrespeitosa e nada acontece, torna-se hostil. A escola, meio à diversidade de temperamentos, não  pode manter uma única regra, estabelecer uma linha igual para todos. O tratamento, em determinadas situações, deve ser individualizado, criando-se oportunidades de crescimento a cada aluno.
Aventurar-se, com cautela, na estrada do saber é necessário e eficaz. Tem-se que avançar sempre, desenvolvendo no aluno uma atitude de enfrentamento das situações de aprendizagem. O medo de errar retarda o aprendizado. O aluno deve ser orientado a constatar o erro e a aprender mais com ele.
A escola, de hoje, enfrenta uma movimentação, uma inquietação maior de seus alunos. Com a TV, o computador, os games, as crianças estão se tornando mais ansiosas. A isso, acresce-se uma rotina frenética de atividades extraclasses, as aulas de natação, inglês, balé, judô, futebol e outras,  que acabam por estressar as crianças,  como um adulto.
Crianças, que começam a apresentar problemas de comportamento, são pelos próprios pais encaminhadas a outros tipos de atividades, atividades zen, que vêm ganhando adeptos a cada dia e que deixam de ser apenas alternativas. A comprovação de seus benefícios torna seus cursos bem mais procurados. Essas atividades englobam as práticas orientais da meditação, ioga, aikido e tai chi chuan, que, através de brincadeiras, métodos orientados, investem na saúde do corpo e da mente das crianças, além de trabalhar o seu lado espiritual.
Crianças que freqüentam aulas de meditação aprendem a se relaxar,  a  se  controlar  diante  de contrariedades,  enfraquecendo os seus

ataques de ímpetos. Com a meditação, elas aprendem a desenvolver o
autocontrole, a fazer exercícios de respiração que as acalmam. As aulas não são presas a um roteiro; adaptações são feitas para despertar o interesse dos alunos, apresentando as atividades, basicamente lúdicas. Uma boa escola cria muitas brincadeiras, espaço para conversar, para responder a dúvidas e até para desenhar. Há todo um encaminhamento na prática de meditação, que uma criança,  mesmo dispersiva e inquieta, é levada a sentar-se em posição de lótus.
Cada vez mais crianças freqüentam aulas de ioga, cuja postura e trabalho com a respiração fortalecem e mantêm a flexibilidade do corpo, provocando um estado de serenidade, auxiliando a criançada envolvida na superestimulação da TV. Ao praticar ioga desde cedo, as crianças se preparam para conviver melhor no futuro com a correria do dia-a-dia. Tornam-se menos ansiosas, mais tranqüilas e também mais corajosas.
Outra atividade zen, indicada para crianças, é o aikido, uma luta marcial que se assemelha ao judô, sendo, entretanto, uma prática mais serena. É definida como uma antiluta. Nessa modalidade não há vencedor, simplesmente porque não existe competição. Os mais fortes fisicamente nem sempre são os melhores praticantes. O professor Ricardo Kanashiro, da Associação Cultural do Centro ao Movimento, explica: “O que importa dentro de seus preceitos é respeitar a força do adversário. Um tombo não representa uma derrota, assim como deixar de conseguir uma coisa na vida não significa fracasso. Com a prática do aikido, aprende-se a trabalhar melhor a cobrança social pelo sucesso e pela vitória”.
O tai chi chuan é outra atividade oriental que vem conquistando os pequenos. Essa modalidade, em vez dos movimentos lentos das outras modalidades, aplica uma dinâmica própria para as crianças.  Essa práti-

ca traz melhoras na qualidade do sono, da alimentação e do comportamento. O tai chi chuan é indicado, como a natação, para crianças com problemas de bronquite. É uma boa alternativa para quem não se dá bem com a água. Professores dessa modalidade afirmam que os exercícios respiratórios são fundamentais para controlar ou superar as crises. Além disso, ele auxilia na coordenação e equilíbrio motores, ajuda na concentração, favorecendo a alfabetização. As crianças praticam posturas lúdicas, com as quais imitam animais, e aprendem automassagem, com técnicas do dói-in – pontos de energia vital, segundo a medicina chinesa.
Os horizontes ampliam cada vez mais as oportunidades educacionais de crianças e de jovens. O importante é a análise das situações, a observação interessada da problemática comportamental infanto-juvenil e buscar ajuda apropriada. Os recursos enriquecem-se a cada passo, conhece-los para poder deles se utilizar e beneficiar a criança e o aluno, em geral, é tarefa de todo educador.
Plutarco, pensador nascido na Grécia, no século I de nossa era, interessou-se profundamente pelos rumos da existência humana, pelo sentido prático da vida. Queria proteger os jovens, especialmente os mais apressados e impacientes. Ele recomendava a técnica do silêncio. O verdadeiro conhecimento, dizia ele, é aquele que torna a alma mais leve e moderada, que afasta comoções e paixões inflamadas. O papel maior do professor, dizia ele, é fazer de seu aluno um bom ouvinte, “exercitar os ouvidos”, para ser capaz de identificar os bons e os maus discursos e, principalmente, aprender sobre o valor do silêncio e da reflexão, para atingir o verdadeiro aprendizado. Para Plutarco, o professor deve ensinar os fundamentos da verdadeira “arte de ouvir”. Ouvir não é um ato tão simples,  requer  concentração,  atenção, requer  uma

 alma aberta para o mundo e para si mesmo. “É ser capaz de ouvir o estrondoso silêncio da existência e reconhecer que somos e seremos sempre meros aprendizes de uma vida que não cansa de surpreender com sua beleza e inventividade”. Eu acrescentaria: de uma vida que não cansa de ensinar até nossa morte.
As atividades zen podem auxiliar a introduzir a criança, o jovem, na pedagogia do silêncio, na “arte de ouvir”.
A propósito:
Este tema e outros sobre comportamento infantil, deste capítulo, como Formas de Comunicação na Infância ou Conflitos entre Escolares, tiveram como fonte o jornal O Estado de S. Paulo.
Caixa de texto: Clique para voltar ao sumárioIlustro, com este esclarecimento, a importância da leitura de revistas e jornais por professores e alunos. A imprensa, responsável, é fonte de conhecimento e parte integrante do currículo escolar. Colabora com a sua contextualização, na abordagem de temas atualizados e de relevância social.                                  

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