As
recentes descobertas sobre a formação do cérebro humano provocaram uma
revolução nas pesquisas sobre o processo de aprendizado. Influenciaram e
modificaram toda a estrutura de ensino dessa faixa de atendimento infantil.
Abriram novas perspectivas para o desenvolvimento intelectual e emocional da
criança e levaram à reformulação do currículo das escolas infantis. O
neurobiologista Harry Chugami, da Universidade de Michigan, adverte: “O
currículo das escolas tradicionais está fora de sincronia com as teorias
modernas sobre aprendizado infantil, porque subestima a capacidade das
crianças. A pré-escola desperdiça o potencial infantil de aprendizagem, porque
exige pouco, e mantém baixas as expectativas sobre o que as crianças são
capazes de entender”.
As
descobertas provocaram mudança de mentalidade e passou-se a diminuir a idade em
que a criança começa ir à escola. Descobriu-se que o melhor período para
desenvolver o potencial da criança é de zero a 3 anos; o melhor período de
aprendizagem ocorre dos 2 aos 10 anos. Ao entrar na pré-escola, metade do
processo de desenvolvimento do cérebro da criança já está concluído. Há duas
décadas atrás, o cérebro de uma criança de 5 anos era visto como uma fita
semivirgem, que registrava tudo que fosse ensinado pelos professores.
Acreditava-se de que até os 6 anos a criança deveria apenas
brincar, quando, hoje, sabemos que a estimulação precoce altera a maneira e o
grau de aprendizagem infantil. Brincar é importante, é o laborató-
rio
natural da afetividade, da sociabilidade, da ética e serve de suporte para uma
adequada estimulação, mas, não
ficar, apenas, no brincar.
Limitar experiências na pré-escola é desperdiçar o melhor
período de aprendizagem da criança.
É na interação com o meio em que vive que a criança constrói
o conhecimento. Novas metodologias, novas abordagens didático-pedagógicas do
conteúdo começam a surgir. Educação infantil amplia conceito de pré-escola e
esta passa a assumir papel formal no processo de aprendizagem. O envolvimento
com a leitura e a escrita começa muito cedo, desde o maternal, assim como a
formação ética e moral.
A denominação pré-escola, embora usada oficialmente, é
rejeitada pelo educadores que consideram este período fundamental para o desenvolvimento
intelectual da criança, desenvolvimento que se dá através de estímulos táteis,
visuais e auditivos, aproveitando todo o potencial da criança. Ela não é pré,
já é escola.
Hoje, sabemos da importância de trabalhar conceito e não
conteúdo. Pelo conteúdo, a criança vai memorizar o conhecimento; pelo conceito,
vai incorporá-lo. “Em vez de memorizar tabelas de multiplicação, crianças de
até 4 anos devem estar “brincando” com conceitos de matemática e lógica. O
importante é que as crianças entendam o conceito cedo. As fórmulas ficam para
mais tarde”, diz o pedagogo Sam Houston, encarregado de reformular o currículo
das escolas primárias da Carolina do Norte, nos EUA.
Crianças de até 8 anos devem ficar sentadas o mínimo
possível, porque elas aprendem por experiência, na prática, vivendo o que está
sendo ensinado, permitindo ao cérebro relacionar os fatos.
Os anos 90 estão sendo conhecidos como a “década da pesquisa
cerebral”, devido às inúmeras descobertas sobre o desenvolvimento do cérebro.
Aparelhos que captam imagens do interior do corpo humano em funcionamento, os
“scanners”, trouxeram, entre muitas outras, duas descobertas importantes: a) o
cérebro usa o mundo exterior para se moldar; b) existem períodos críticos em
que as células cerebrais – os neurônios – precisam de determinados estímulos
para desenvolver habilidades como visão, coordenação motora ou linguagem. Esses
períodos passaram a chamar-se “janelas de oportunidade” e vão do nascimento até
por volta de 12 anos de idade. Até o início da década de 80, só era possível
estudar o cérebro de pessoas mortas.
Não se sabe com precisão em que idade as “janelas de
oportunidade” se fecham, mas os cientistas são unânimes em afirmar que a maior
parte delas se abre nos primeiros meses de vida. Descobriu-se que as “janelas
de oportunidade” – período em que se formam as conexões entre os neurônios –
para aprender, por exemplo, um segundo idioma só se fecham aos 6 anos e o
período ideal para aprender música começa aos 3 e vai até os 10 anos. Crianças
de 5 anos, se corretamente estimuladas, conseguem entender conceitos
matemáticos, como volume e densidade, falar mais de um idioma, tocar
instrumentos e chegar a ler partituras.
Os
cientistas colocam dois fatores determinantes na interação da formação do
cérebro infantil: genes e ambiente. Os genes são responsáveis pela estrutura do
cérebro e o ambiente, pelo seu funcionamento. As experiências vividas pelo
bebê, do nascimento aos 6 anos, determinam seu futuro emocional e intelectual.
A outra parte desse futuro é determinada pela carga genética herdada dos pais.
psico-pedagógico da aprendizagem.
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