Estamos vivendo uma nova etapa da educação. A escola
toma novos rumos, ressalta a educação para o pensar. Os modelos educacionais
mudaram nas últimas décadas. Deixou-se de lado a importância da memorização e
passou-se a adotar propostas pedagógicas destinadas a dar mais autonomia aos
alunos na aprendizagem. As principais tendências do ensino, que deverão se
consolidar nas próximas décadas, consistem em levar o aluno a pensar com maior
compreensão de seu cotidiano, mais capaz de tomar decisões e mais apto ao
convívio social.
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) coloca o
seu ponto central na flexibilização. Põe ênfase na aprendizagem, no resultado
do ensino e não propriamente no ensino. Queremos, hoje, uma escola que forme,
que descubra potencialidades, que exercite talentos, na direção da
criatividade, da criticidade. Uma escola que se afaste do conhecimento pronto e
acabado, do enciclopedismo, que recrie a cultura junto com o aluno. A imposição
cultural massifica, marginaliza.
Queremos formar a escola do cotidiano, da resolução dos
problemas enfrentados pelos alunos, uma escola que sirva para o dia-a-dia. Não
é bem o diário, mas a ligação do conhecimento com sua aplicação diária. A
mudança pretendida é afastar-se de conteúdos desvinculados da realidade.
Trabalha-se o momento, a época, mas, articula-se este presente com o passado e
com o futuro. Articula-se o fato de hoje
com a visão mais ampla que representa.
Busca-se um assunto que tenha ligação com a vida do aluno.
Se o conteúdo for de seu interesse, ele passa a ter vínculo com a aprendizagem.
Não se dissocia a sala de aula da vida prática do aluno. O currículo deve
representar a cultura compartilhada, incluindo a informal, onde
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a leitura de jornais e revistas é parte
integrante, onde as experiências vividas pelo aluno devem ser consideradas.
A escola é o lugar da cultura viva, do dia-a-dia do aluno.
Deve contemplar o contexto sociocultural, trabalhar a metodologia socioconstrutivista,
interativa, interdisciplinar, contextualizada. Um currículo com dois olhares:
um interno e outro no mundo lá fora. A linha pedagógica do socioconstrutivismo
quer formar cidadãos que saibam pensar, ouvir o outro e respeitar o diferente.
A escola afasta-se da linha tradicional, conteudista, onde o processo do
aprendizado acontece de fora para dentro, ou seja, pela transmissão do
conhecimento, e encaminha-se para a pedagogia construtivista, considerada
moderna, alfabetização sem cartilhas, que ensina a pensar, criar hipóteses e
relacionar para chegar ao conhecimento. Utiliza-se do currículo, dos métodos de
trabalho, das atividades, dos materiais, para ensinar o aluno a pensar, não
para encher sua cabeça com informações.
Queremos uma escola que seja plural, inclusiva das
diferentes classes sociais, das diferentes performances individuais, que
discuta, que dialogue, que não seja evangelizadora. Uma escola que desenvolva a
inteligência crítica, estimule a criatividade e o compromisso social. Uma
escola que não treine os alunos, mas os prepara, que retire dos problemas
sociais estímulos para a curiosidade intelectual. Que vincule a transmissão do
patrimônio cultural à formação do caráter, do humanismo. Que trabalhe
cooperação ao invés de competição, que forme o aluno para enfrentar as
situações de vida.
Queremos uma escola
que faça o
aluno descobrir o
prazer de
aprender, que o leve a aprender fazendo – aprende quem faz
e não quem ouve. A escola
tira o foco de ação do professor e passa para o
aluno. Analisa o conhecimento à luz de quem aprende e não de quem ensina. Queremos uma escola que se caracterize mais por competências cognitivas de caráter geral que por informações.
aluno. Analisa o conhecimento à luz de quem aprende e não de quem ensina. Queremos uma escola que se caracterize mais por competências cognitivas de caráter geral que por informações.
É impossível a escola abargar todo o conhecimento, mas ao
trabalhar as capacidades, ao desenvolver as habilidades e as competências, que
são operações mentais, ela torna o indivíduo capaz de lidar com toda e qualquer
informação.
O papel do professor não é mais dar aula; é garantir que a aprendizagem
ocorra, que o aluno aprenda. Nesse novo papel, o professor não mais impõe, ele
propõe. A solidão em sala de aula é abolida, fortalece-se o diálogo, o trabalho
em equipe. A
pedagogia inovadora coloca o professor como mediador entre o aluno e o conhecimento,
utilizando-se de um currículo em espiral – o currículo não é linear, deve-se
voltar, periodicamente, ao assunto.
O professor precisa estar em sintonia com a mudança,
interessar-se por inovações no currículo se quiser estar correspondendo às exigências
da época. Ele não é só mais um depositário da informação atualizada, mas um
indivíduo com capacidade de analisar e relacionar variáveis e fatos de forma
superior, de uma forma que o aluno não consegue fazer. Um profissional capaz de
oportunizar a educação.
Professor que se limita a repetir conhecimento está fadado a
desaparecer. Ele é o elemento que ajuda a reflexão, que leva à percepção, à
compreensão dos fatos. Não é o sabe tudo, não se coloca mais como o detentor do
saber, mas como aquele que tem mais experiência, que tem mais conhecimento e
busca ser capaz de relacionar o conhecimento, os fatos, de atingir a
interdisciplinaridade. O papel é outro, mas tão
importante
quanto. A nova escola
exige que o docente mude o discurso, mude a prática pedagógica. Contudo,
mudança de comportamento profissional requer treinamento e condições
apropriadas de trabalho. Só assim, poderemos cobrar eficiência dos professores.
A escola é o lugar de remoção de barreiras. Em vez
de lugar privilegiado do saber, é lugar privilegiado da educação. Não vai
desprezar o conteúdo, mas utilizá-lo como meio para educar, para formar, para
descobrir potencialidades, para criar condições a que a criatividade aconteça,
para, enfim, alcançar os objetivos propostos. A escola cria uma relação de
simbiose entre educadores e educandos. Cria uma parceria com os pais na
educação. Se atende a uma comunidade mais conservadora não deve se apresentar
como liberal e vice-versa.
A informação precisa ser trabalhada para
transformar-se em
conhecimento. Toda transformação traz uma certa desordem, um
certo desequilíbrio e é dessa desordem que vai brotar o conhecimento. A aprendizagem,
como o currículo, não é linear, ela sofre sobressaltos, tem que haver
inquietação. Ela é o resultado de acertos e erros. Através dos erros, chega-se
aos acertos. Antigamente, o aluno não podia errar; hoje, compreendemos a função
construtiva do erro.
Na escola de ontem, o professor era obrigado a
seguir à risca o conteúdo programado no seu plano de trabalho. Hoje, ele está
liberado quanto à quantidade, e preso à qualidade de seu ensino. O que se quer
é saber se, através do conteúdo, ele está formando integralmente o aluno nos
aspectos intelectuais, sócio-afetivos, comportamentais, se está formando um cidadão
cônscio de seus direitos e deveres.
É claro que o conteúdo é importante, mas o mais importante é
a forma como se chega a esse conteúdo, os passos instituídos para adquiri-lo e
não colocá-lo como fim em si mesmo.
A escola vem abraçando
de maneira muito tímida os processos ino-
vadores, aqueles capazes de conduzi-la à renovação
pretendida. O que se constata é que o País, como um todo, não mostra indícios
de estar caminhando em direção a um ensino de qualidade. O professor, de um modo geral, não se mostra
preparado para desenvolver um trabalho que corresponda às exigências da época.
O que há, na verdade,
é uma inadequação da escola ao momento presente do aluno e este livro tem o
grande propósito de estender a mão à escola, ao professor, na consecução dos
objetivos maiores da educação.
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