quinta-feira, 12 de julho de 2012

A ESCOLA QUE EDUCA PARA O PENSAR


Estamos vivendo uma nova etapa da educação. A escola toma novos rumos, ressalta a educação para o pensar. Os modelos educacionais mudaram nas últimas décadas. Deixou-se de lado a importância da memorização e passou-se a adotar propostas pedagógicas destinadas a dar mais autonomia aos alunos na aprendizagem. As principais tendências do ensino, que deverão se consolidar nas próximas décadas, consistem em levar o aluno a pensar com maior compreensão de seu cotidiano, mais capaz de tomar decisões e mais apto ao convívio social.
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) coloca o seu ponto central na flexibilização. Põe ênfase na aprendizagem, no resultado do ensino e não propriamente no ensino. Queremos, hoje, uma escola que forme, que descubra potencialidades, que exercite talentos, na direção da criatividade, da criticidade. Uma escola que se afaste do conhecimento pronto e acabado, do enciclopedismo, que recrie a cultura junto com o aluno. A imposição cultural massifica, marginaliza.
Queremos formar a escola do cotidiano, da resolução dos problemas enfrentados pelos alunos, uma escola que sirva para o dia-a-dia. Não é bem o diário, mas a ligação do conhecimento com sua aplicação diária. A mudança pretendida é afastar-se de conteúdos desvinculados da realidade. Trabalha-se o momento, a época, mas, articula-se este presente com o passado e com o futuro. Articula-se  o fato de hoje com a visão mais ampla que representa.
Busca-se um assunto que tenha ligação com a vida do aluno. Se o conteúdo for de seu interesse, ele passa a ter vínculo com a aprendizagem. Não se dissocia a sala de aula da vida prática do aluno. O currículo deve representar a cultura compartilhada, incluindo a informal, onde
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 a leitura de jornais e revistas é parte integrante, onde as experiências vividas pelo aluno devem ser consideradas.
A escola é o lugar da cultura viva, do dia-a-dia do aluno. Deve contemplar o contexto sociocultural, trabalhar a metodologia socioconstrutivista, interativa, interdisciplinar, contextualizada. Um currículo com dois olhares: um interno e outro no mundo lá fora. A linha pedagógica do socioconstrutivismo quer formar cidadãos que saibam pensar, ouvir o outro e respeitar o diferente. A escola afasta-se da linha tradicional, conteudista, onde o processo do aprendizado acontece de fora para dentro, ou seja, pela transmissão do conhecimento, e encaminha-se para a pedagogia construtivista, considerada moderna, alfabetização sem cartilhas, que ensina a pensar, criar hipóteses e relacionar para chegar ao conhecimento. Utiliza-se do currículo, dos métodos de trabalho, das atividades, dos materiais, para ensinar o aluno a pensar, não para encher sua cabeça com informações.
Queremos uma escola que seja plural, inclusiva das diferentes classes sociais, das diferentes performances individuais, que discuta, que dialogue, que não seja evangelizadora. Uma escola que desenvolva a inteligência crítica, estimule a criatividade e o compromisso social. Uma escola que não treine os alunos, mas os prepara, que retire dos problemas sociais estímulos para a curiosidade intelectual. Que vincule a transmissão do patrimônio cultural à formação do caráter, do humanismo. Que trabalhe cooperação ao invés de competição, que forme o aluno para enfrentar as situações de vida.
Queremos  uma  escola  que  faça  o  aluno  descobrir  o  prazer   de
aprender, que o leve a aprender fazendo – aprende quem faz e não quem ouve.  A  escola  tira  o  foco de ação do professor e passa para o                                                       
aluno. Analisa o conhecimento à luz de quem aprende e não de quem ensina. Queremos uma escola que se caracterize mais por competências cognitivas de caráter geral que por informações.
É impossível a escola abargar todo o conhecimento, mas ao trabalhar as capacidades, ao desenvolver as habilidades e as competências, que são operações mentais, ela torna o indivíduo capaz de lidar com toda e qualquer informação.
O papel do professor não é mais dar aula; é garantir que a aprendizagem ocorra, que o aluno aprenda. Nesse novo papel, o professor não mais impõe, ele propõe. A solidão em sala de aula é abolida, fortalece-se o diálogo, o trabalho em equipe. A pedagogia inovadora coloca o professor como mediador entre o aluno e o conhecimento, utilizando-se de um currículo em espiral – o currículo não é linear, deve-se voltar, periodicamente, ao assunto.
O professor precisa estar em sintonia com a mudança, interessar-se por inovações no currículo se quiser estar correspondendo às exigências da época. Ele não é só mais um depositário da informação atualizada, mas um indivíduo com capacidade de analisar e relacionar variáveis e fatos de forma superior, de uma forma que o aluno não consegue fazer. Um profissional capaz de oportunizar a educação.
Professor que se limita a repetir conhecimento está fadado a desaparecer. Ele é o elemento que ajuda a reflexão, que leva à percepção, à compreensão dos fatos. Não é o sabe tudo, não se coloca mais como o detentor do saber, mas como aquele que tem mais experiência, que tem mais conhecimento e busca ser capaz de relacionar o conhecimento, os fatos, de atingir a interdisciplinaridade.    O papel é outro, mas tão



importante  quanto.  A nova  escola exige que o docente mude o discurso, mude a prática pedagógica. Contudo, mudança de comportamento profissional requer treinamento e condições apropriadas de trabalho. Só assim, poderemos cobrar eficiência dos professores.
A escola é o lugar de remoção de barreiras. Em vez de lugar privilegiado do saber, é lugar privilegiado da educação. Não vai desprezar o conteúdo, mas utilizá-lo como meio para educar, para formar, para descobrir potencialidades, para criar condições a que a criatividade aconteça, para, enfim, alcançar os objetivos propostos. A escola cria uma relação de simbiose entre educadores e educandos. Cria uma parceria com os pais na educação. Se atende a uma comunidade mais conservadora não deve se apresentar como liberal e vice-versa.
A informação precisa ser trabalhada para transformar-se em conhecimento. Toda transformação traz uma certa desordem, um certo desequilíbrio e é dessa desordem que vai brotar o conhecimento. A aprendizagem, como o currículo, não é linear, ela sofre sobressaltos, tem que haver inquietação. Ela é o resultado de acertos e erros. Através dos erros, chega-se aos acertos. Antigamente, o aluno não podia errar; hoje, compreendemos a função construtiva do erro.
Na escola de ontem, o professor era obrigado a seguir à risca o conteúdo programado no seu plano de trabalho. Hoje, ele está liberado quanto à quantidade, e preso à qualidade de seu ensino. O que se quer é saber se, através do conteúdo, ele está formando integralmente o aluno nos aspectos intelectuais, sócio-afetivos, comportamentais, se está formando um cidadão cônscio de seus direitos e deveres.
É claro que o conteúdo é importante, mas o mais importante é a forma como se chega a esse conteúdo, os passos instituídos para adquiri-lo e não colocá-lo como fim em si mesmo.
A escola vem abraçando  de maneira muito tímida os processos ino-

vadores, aqueles capazes de conduzi-la à renovação pretendida. O que se constata é que o País, como um todo, não mostra indícios de estar caminhando em direção a um ensino de qualidade.  O professor, de um modo geral, não se mostra preparado para desenvolver um trabalho que corresponda às exigências da época.
 O que há, na verdade, é uma inadequação da escola ao momento presente do aluno e este livro tem o grande propósito de estender a mão à escola, ao professor, na consecução dos objetivos maiores da educação.
Caixa de texto: Clique para voltar ao sumárioOs conceitos, neste tópico englobados, serão especificados ao longo do livro.

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