A
fantasia é indispensável para o bom desenvolvimento da criança. É fundamental,
dizem os psicólogos, que os pais e os professores não atrapalhem a fantasia,
expressa das mais diferentes maneiras. Quando o mundo imaginário é tolhido
durante a infância, é comum a pessoa apresentar na fase adulta dificuldades
para encarar a realidade. Muitos jovens ficam presos ao mundo fantasioso.
É preciso, contudo, ficar atento à idade
da criança. As que com 7 ou
8 anos ainda
acreditam cegamente em histórias do mundo imaginário, possivelmente estão
fugindo de alguns aspectos do mundo real.
Famílias de formação católica cultivam
hábitos como ganhar ovos de chocolate na Páscoa, vestir-se de Papai-Noel no
Natal, outros, como trocar dentes-de-leite por moedas... Mais do que manter uma
tradição ou proporcionar uma diversão, esses procedimentos atuam no desenvolvimento
emocional da criança e podem refletir mais tarde na maneira como esse adulto
vai lidar com a fantasia ou com a realidade. Por isso, não se deve encarar
esses rituais como brincadeiras. É a partir da fantasia que a criança vai criar
mecanismos para encarar a realidade. Por essa razão, os adultos devem responder
às perguntas feitas por elas com cautela.
No início, a criança acata a descrição
feita do Papai-Noel ou do coelho sem nenhuma curiosidade. Com o tempo, algumas
perguntas aparecem. O lado racional começa a aflorar. O próprio desenvolvimento
da criança é que vai determinar quando isso ocorre. A criança acaba, por si,
descobrindo que esses relatos não são verídicos, não há necessidade de os pais
tentarem esclarecer. Os pais não devem forçar a criança a se tornar realista
antes de seu momento.
As tradições mudam com os modismos. As
histórias também são atingidas pelos modismos. Coelhos, Papai-Noel e fadas,
hoje, disputam com gnomos e duendes. Há, ainda, personagens que caíram no total
esquecimento, como as cegonhas. Os pais já não dizem às crianças que
encomendaram o bebê a essa ave. Outra fantasia muito comum são as varinhas de
condão. Com elas, as crianças viajam e transformam as coisas.
Há pais que conduzem as atividades
fantasiosas com mais realismo, ficando num meio termo, procuram dar uma
educação mais realista. Temem não ter dinheiro para satisfazer as fantasias e
dizem às crianças que quem compra os presentes de Natal ou o chocolate de
Páscoa são elas. Há, contudo, relatos de pesquisas que mostram que crianças de
4 anos e mesmo de 6 não querem aceitar essa verdade e afirmam aos pais que quem
compra os presentes é Papai-Noel e é o
coelho que lhes traz o ovo de Páscoa. “Ele é branco e bem pequeno”, imagina a
criança. A fantasia muitas vezes acaba sendo mais forte, dizem os
psicoterapeutas.
Outros pais, entretanto, incentivam a
fantasia, como, por exemplo, esconder os ovos de Páscoa, para a criança achar,
colocar meias na janela e enviar desenhos, cartinhas para o Papai-Noel, na
época do Natal.
Aprender a se conduzir na educação dos
filhos é procedimento extremamente salutar. Os benefícios virão para ambos os
lados. Recebi, de uma prezada educadora, normas de conduta dos pais, que
bateram com a minha formação e que considerei de real proveito registrá-las, a
fim de atingir uma comunidade maior. O título vinha com a expressão “Missão do
lar” e não trazia o nome do autor.
MISSÃO DO LAR
Antes de enumerar as considerações, acho
oportuno lembrar os pais que eles dêem buscar, na escola, esclarecimentos sobre o processo de
desenvolvimento da criança, do adolescente, e pôr em prática o que aprenderam.
1)
Despertar na consciência dos filhos a existência de Deus, a
nossa filiação divina e a imortalidade da alma;
2)
Ensinar a prática da verdade;
3)
Formar na criança o hábito do trabalho, quanto mais cedo melhor,
de acordo com a sua capacidade;
4)
Despertar e ensinar às crianças a prática da caridade;
5)
O hábito da prece todos os dias, agradecendo a bênção da
vida:
6)
Estar atendo às atividades escolares e doutrinárias dos
filhos;
7)
Ensinar aos filhos a prática do perdão, não deixando permanecer
entre eles qualquer animosidade;
8)
Disciplinar com amor, aplicando a “energia amorosa”.;
9)
Ensinar a respeitar e a amar a natureza;
10)
A respeitar todos os familiares e todas as pessoas em geral;
11)
Prometer à criança somente o que se possa cumprir, mas com
discernimento;
12)
Observar e tomar conhecimento das companhias e dos divertimentos
dos filhos;
13)
Visitar os familiares, sustentando a amizade e a união da
família, dando atenção aos idosos;
14)
Examinar as queixas dos filhos, ponderando as decisões pela
razão, com o critério da verdade;
15) Tomar conhecimento das
reclamações sobre os filhos, não de- fendendo
precipitadamente, antes de averiguar
com certeza a verdade do
fato;
16) Preocupar-se com os filhos rebeldes, difíceis ou excepcionais. Não fazer comparações negativas com os irmãos ou compa- nheiros.
Em todos os momentos, utilizar o recurso da prece;
17) Oferecer aos filhos
somente brinquedos educativos que lem-
brem a prática do bem e do
trabalho. Elimine os brinquedos de
guerra para o ensino da paz;
18) Os
pais devem educar-se para educar,
exemplificar para ensi-
nar.
A
escola deve procurar na família os problemas de comportamento de seus alunos .
É na família que se delineiam as características sociais, éticas e morais da criança, futuro
adulto.
O
conhecimento sobre a criança, em seus amplos aspectos, deve ser perseguido pela
escola. Buscando i8lustrarl-se, a escola vai às causas do comportamento
anti-social, discute-as com os pais, para que estes possam entender melhor o
que se passa com o filho e ajuda-lo. A educação integral dada pela escola não
pode se descuidar do emocional, do comportamental, se quiser atingir uma
aprendizagem plena.
Um
forte fator de desestruturação da personalidade é a desestruturação da família.
A criança sofre um impacto quando os pais se separam, criando comportamentos
agressivos. Mais precisamente, dizem os psicólogos, não é bem a separação que
causa problema, mas a ausência ou negligência dos pais em relação aos filhos.
Ao se separarem, os pais não se divorciam da maternidade ou da paternidade. A
ausência pode dar-se tanto entre casais separados, quanto em pais que vivem
juntos. O que conta é a qualidade do relacionamento. As tensões nas relações
familiares concorrem, igualmente, para o comportamento desajustado.
Falta
de supervisão, de regras, de comunicação, de indiferença ou apatia dos pais,
trazem problemas de comportamento, como, também, quando exercem a autoridade
sob a forma de exigência. Diálogo e autoridade dêem caminhar juntos. Pais
democráticos, e que ao mesmo tempo se impõem , dão valor tanto à autonomia do
filho quanto ao comportamento disciplinado.
Estimulam o diálogo,
a troca de idéias e
Quando exercem a
autoridade, sob a forma de exigência ou proibição, explicam suas razões.
Afinal, educar implica na necessidade de dizer não.
Os filhos tendem sempre a testar os
limites dos pais e estes devem sempre se apoiar no amor, no equilíbrio, no bom
senso. Não deve haver jogo duplo. O filho quer ser tratado com justiça,
autenticidade. Quer coerência entre o dizer e o ser. A educação não
traumatizante, a ausência de responsabilidade, geram confusões mentais.
A escola não pode adotar uma atitude de
avestruz, procurando não enxergar os problemas de comportamento que esbarram na
aquisição da aprendizagem.
Uma outra forte causa que abala o
comportamento da criança é o sentimento de perda. As perdas ameaçam o seu
mundo, formado basicamente de pai, mãe, irmão(s) e escola. É alguém da família
que morre, um animalzinho de estimação que foge, um coleguinha da escola que
muda de cidade, ou os pais que se separam. A criança sente-se insegura,
desprotegida, o que pode gerar distúrbios como agressividade, ansiedade, falta
de apetite e quebra no rendimento escolar. A pior das perdas é quando morre o
pai, a mãe ou alguém da família muito próxima da criança.
Até aproximadamente 7 anos, ela não
entende que a morte é irreversível. Só depois dos 10 anos surge a verdadeira
percepção da morte, dizem os psiquiatras infantis. Orientam que se deve falar
com clareza sobre o assunto e não ter receio de falar a palavra “morrer”. As perdas
fazem parte da vida e do aprendizado na infância. O importante nessas circunstâncias
é fazer a criança sentir-se amada, sentir de que não está sozinha, não está
desamparada. O adulto deve levar a sério seus sentimentos, que a ampare em seus
medos, em seus receios pela
Ausência do ente querido. Não se deve
reprimir o seu choro, deixá-la exteriorizar a sua dor. Dizem os especialistas
que discurso não funciona para crianças. O que se deve fazer é rodeá-las de
atenções e afeto. Contudo, não se deve mimar. Amparar não significa deixar a
criança fazer tudo o que quer. Falta de limite pode ser entendida como falta de
atenção.
O
que se deve fazer é dar espaço para a criança falar sobre
o acontecido, falar da saudade, de seus medos, de seus sentimentos. Dessa
forma, ela vai se sentir mais segura. Os psicólogos afirmam que formar e romper
vínculos nada mais são do que um grande exercício de amor.
Passam-nos conselhos úteis:
·
Fale claramente: o fulano morreu;
·
Não faça discurso, nem dê mil explicações. Mostre, com atitude
e
muito afeto, que ela não esta desamparada;
- Não torne o assunto proibido. Converse naturalmente com
a criança sobre o ocorrido, sobre a
saudade, enfim, sobre os sentimentos;
- Se foi o pai quem morreu, por exemplo, não faça drama
no Dia dos Pais. Deixe a criança fazer o
presente na escola e pergunte para quem ela quer dar;
- Avise na escola que ocorreu a morte de alguém muito próximo.
É bom que a professora saiba
para observar a criança. É para
cuidar, não discriminar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário