quinta-feira, 12 de julho de 2012

A INCLUSÃO DO ALUNO À ESCOLA


Um dos objetivos prioritários da escola refere-se à inclusão do aluno no ambiente escolar. Em muitas localidades, especialmente nas periferias,  é necessário incentivar o aluno a ir à escola, fazê-lo trocar o cotidiano das ruas pelo da escola. Nessas regiões, a escola compete com a rua.
As escolas inserem-se em contextos diferentes, localidades e comunidades diferentes, vivenciando realidades diferentes. Para atingir as diferenças, a idéia pedagógica é a de eliminar o currículo homogêneo. Cada escola mantém o seu próprio currículo, a partir da identidade dos seus alunos, das necessidades identificadas, procurando fazer com que o aluno se interesse pelas disciplinas escolhidas. Um outro aspecto é o objetivo de ensinar a pensar, de não se utilizar da reprodução, mas da construção do conhecimento. Ensinar o aluno a produzir conhecimento, auxiliando-o no desenvolvimento do raciocínio, para que possa se ajustar aos desníveis encontrados. O planejamento das escolas deve nortear-se por seu caráter peculiar, reforçando sua integração com a comunidade.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, dá autonomia para as escolas definirem sua organização. Isso significa liberdade para escolher as disciplinas que oferecem, a carga horária, o sistema de notas e os livros didáticos.
A liberdade da escola em definir seu currículo é um passo avante para se despertar políticas educacionais localizadas, para solucionar problemas locais, reduzindo as distâncias. Sabemos que a localização do município, as condições de trabalho da população, sua infra-estrutura, podem aumentar ou diminuir as possibilidades de acesso à educação. Daí a importância da adoção de políticas e de ações adequadas a cada região.
A escola precisa adotar projetos que resgatem a cultura popular da região. A construção da identidade, com base numa educação que leva em conta as raízes, ajuda as novas gerações a manter o vínculo com a terra, sua gente, suas tradições.
O nível socioeconômico é um ponto a se considerar, tem séria influência, séria repercussão no andamento do projeto pedagógico e a ele deve ser ajustado. O aluno, encontrando, no estudo, uma ponte que o ligue ao seu ambiente, vai poder relacionar o que aprendeu na escola com o mundo ao redor. Esse currículo personalizado vai ajudar nas desigualdades educacionais das diversas regiões do País.
O IBGE, no Censo de 2000, revelou diferenças marcantes, num mesmo Estado, como, por exemplo, no índice de analfabetismo. São Paulo, o Estado mais rico do País, é o terceiro no ranking nacional, mas, há municípios, como Águas de São Pedro, com a menor taxa, 2,7%, de analfabetismo, e Itapirapoã Paulista, com a maior taxa, onde quase 19% dos habitantes, com 10 anos ou mais, não sabem ler, nem escrever. Diferenças que são conseqüências das desigualdades econômicas e que devem ser consideradas pela escola na contextualização do currículo.
Os dados do Censo 2000 constatam, entre os alunos de menor idade, uma desigualdade social, tristemente perversa, no País. Essa desigualdade fica mais evidente quando se analisam alguns indicadores de alfabetização entre as crianças dos bairros ricos e pobres do Rio de Janeiro e de São Paulo. Em bairros de classe média e alta das duas capitais, a maioria das crianças, de 6 e 7 anos, já está alfabetizada, ocorrendo o oposto nos bairros pobres.
Os altos índices de analfabetismo são verificados em quase todos os bairros com baixa renda. Em 36 dos 96 distritos de São Paulo, localizados em regiões periféricas da cidade, onde se concentram as menores rendas, o índice de analfabetismo, entre crianças de 7 anos, supera a taxa do município. Há comprovadamente uma barreira social impedindo o avanço educacional de crianças e de jovens!
O objetivo maior da educação é o aluno. Ajustar-se a ele, conquistá-lo, ajudá-lo no desenvolvimento de sua personalidade, significam ganhar esse aluno para a escola, tirá-lo da rua. Tudo em educação gira em torno do aluno, em torno de sua boa formação. A escola caminhando nessa direção, não se descuidando da qualidade, exercerá, com eficiência, sua função social, atuará na transformação da sociedade. Primeiramente, a escola conquista o aluno e sua família, atraem-nos à escola, depois, ministrando um ensino de qualidade, ela atingirá a desigualdade social, permitindo à classe menos favorecida emergir socialmente.
A escola não pula etapas, não tem como “fazer de conta”; a realidade é seu espelho, seu suporte, sua consistência. Ela parte do nível encontrado, seja do mais elementar, e busca atingir um nível mais elevado, numa progressão continuada. Vale-se da conceituação de que a sala de aula é uma comunidade de investigação, um espaço de relações humanas; em lugar de interação social, zona de desenvolvimento proximal (Vigotsky). O grupo é sempre heterogêneo. O professor deve ficar atento às diferenças individuais, às diversidades e valorizá-las. Deve programar trabalhos em grupo. Um aluno, ao ajudar o outro, vai deixando o egoísmo, a introspecção. O conhecimento implica em relação com o outro: um sabe matemática; o outro, português; eles trocam, desenvolvem o diálogo e se tornam alunos ativos.
Caixa de texto: Clique para vltoar ao sumárioA escola vale-se da alternativa de que a escolaridade é a variável capaz de eliminar as diferenças sociais. Educação é um ato de amor, de conexão, um ato de responsabilidade, de compromisso, de consciência social. Educação é um fator vital de melhoria das condições de vida. Qualquer política pública de inclusão social precisa começar pela ampliação de condições de acesso à escolaridade.                 

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