A
presença dos pais na vida escolar tem significativo valor para os estudos dos
filhos e para a vitalidade das instituições. Crianças e jovens que freqüentam a
escola têm, como é natural, temperamentos diferentes, o que provocam constantes
conflitos. Muitas vezes eles mesmos conseguem administrar o problema, sem
interferência externa, mas há os que apelam para os pais.
Desentendimentos
entre alunos são comuns e variam de intensidade de acordo com a faixa etária.
Entre os pequenos, na faixa de 1
a 6 anos, o que mais surge são apelidos maldosos, puxões
de cabelo ou brinquedos quebrados.
O
período mais crítico fica por volta dos 12 aos 17 anos e, entre estes, dos 13
aos 16 anos, quando a sexualidade dos meninos está em ebulição. O jovem,
para ser aceito no grupo, tem que se sujeitar às suas regras, ao seu modo de
falar, de vestir. O grupo coloca à prova valores familiares e próprios e quem
não se enquadrar na “tribo”, quem ousar ser diferente, é massacrado sem
consideração.
Quando
a intimidação, por parte de um colega ou do grupo, é sistemática, quando
caminha para a violência física, pressão psicológica, ameaças freqüentes, ela
provoca danos emocionais, baixa auto-estima, baixa autovalia, que é a
capacidade de se avaliar em relação ao grupo, levando a problemas de rendimento
escolar.
As
agressões por causa de garotas são comuns e se restringem comumente ao próprio
grupo. Mas, brigas também existem fora da escola, quando a convivência cria
rixas. A intimidação é comum mesmo entre meninas. Cria-se competição no âmbito
da aparência. Quem não estiver com a roupa da moda ou com o corpo esbelto pode
ser excluída do grupo e vira alvo de gozação.
Casos
mais graves, como brigas envolvendo drogas, roubos e discriminação, exigem
intervenção imediata. Nessas circunstâncias, a escola atua com a família, junta
pais e escolares envolvidos. Não é raro a escola perceber que o comportamento
do estudante é reprodução do que aprendeu em casa. São os próprios
pais que muitas vezes incentivam a intimidação, na filosofia do “bateu, levou”.
Um
bom procedimento para a escola é professores e alunos elaborarem um texto em
conjunto, propondo normas disciplinares. Escolas renomadas têm regras
disciplinares bem definidas que constam na agenda dos alunos. Contudo, a escola
pode intimidar o aluno ao ignorar sua cultura, sua bagagem social. Antes de
punir, deve inteirar-se de sua origem, olhar a raiz. De onde vem esse aluno?
Como é sua família? Daí a importância de uma gestão democrática, de uma
participação efetiva dos pais na vida da escola.
É
na fase em que a personalidade está se moldando que a escola precisa trabalhar
na integração do grupo. Muitas escolas criam o “momento da roda”, quando toda a
classe se reúne para conversar. Esse é um valioso momento para se educar: se um
coleguinha é caçoado por causa de seus óculos, aparelho nos dentes ou jeito,
aproveita-se para falar, por exemplo, da importância de respeitar o modo de ser
das pessoas. Pais e professores devem fazer cada um a sua parte, ensinando a
criança a respeitar o outro e acolher as diferenças.
No
seio da família, também surgem conflitos, não acontece só no convívio escolar.
As exigências do mundo moderno cresceram. A família tradicional vem passando
por um processo de mudança. O papel dos pais começa a ser questionado. Pai e
mãe trabalham fora e se sobrecarregam de atividades e, geralmente, não há tempo
para criar um espaço comum, não há tempo para o diálogo. Uma convivência menor
com a família reflete no rendimento escolar, no número de horas que a criança ou
o adolescente passa em frente da televisão, criando ansiedade, deficiência de
atenção, hiperatividade e atraso no desenvolvimento. Problemas emocionais, como
depressão e estresse, acabam acontecendo e a grande receita é amor, carinho,
atenção.
Os
pais, num determinado período da existência, são as pessoas mais importantes na
vida dos filhos. As crianças precisam de uma família, de relações afetivas.
Isso traz segurança, fator fundamental ao bom desenvolvimento infanto-juvenil.
Tanto
na escola quanto em casa, as crianças não podem ser tratadas todas da mesma
maneira. Uma estratégia pode funcionar para uma e não para outra. A
personalidade, a individualidade devem ser respeitadas. Por isso, nunca se deve
fazer comparações. Deve-se dar meios para que as crianças desenvolvam o que têm
de bom e para que sejam orientadas em relação aos defeitos. Perfeição não
existe, portanto, dosar as exigências. As crianças precisam desenvolver
experiências adequadas à sua idade. Olhar para elas em todas as suas dimensões:
biológica, afetiva, emocional e moral de forma
integrada para que todos os aspectos do desenvolvimento e comportamento
infantil possam ser envolvidos.
As
crianças precisam de disciplina, de limites que estruturem a sua vida e lhes
tragam boas respostas às expectativas criadas. Educar não é bater, não é fazer
prevalecer a vontade dos adultos. A criança precisa galgar experiência, ter
segurança para fazer suas escolhas e ter responsabilidades sobre eles. Educar
para a autonomia, não para a dependência.
Também
é oportuno lembrar que não se deve sobrecarregar as crianças de atividades,
para fazer uma série de cursos extracurriculares, como judô, balé, natação,
inglês... Elas precisam ter tempo para ser crianças, brincar, aproveitar a
infância, os melhores anos da vida.
São nos primeiros anos de vida que se constroem as
bases do futuro e a criança precisa ter esperança no futuro. Pais e professores
devem conviver com as crianças de modo a integrá-las no meio em que vivem, a
criar com elas cumplicidade e fortalecer os laços afetivos.
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